segunda-feira, setembro 03, 2012

Sinceridade

Aprendi muito deste tempo enquanto procurava por mim lá fora, onde nunca me poderia encontrar. E algo que aprendi foi o valor da sinceridade. Infleizmente, à custa de muito que fez parte de mim, ou melhor, que roubou um bocado de mim e que, nas melhores das hipóteses, o devolveu mas bem espancado. Todavia, foram apenas as pancadas da realidade que o deixaram nesse estado, o que é melhor do que qualquer mundo ilusória e qualquer mentira piedosa.
E é disso que quero falar: sinceridade. Aprendi que é a base de, praticamente tudo. Na verdade, a sincerdade requer coragem, pois há coisas bastante custosas de se dizer. No entanto, para além de corajoso, todos nós deveríamos ser sinceros. Todos nós somos um pouco cínicos, ouvi dizer. Sinceramente, ainda não sei o que pensar disto. É difícil dizer que não é verdade. Contudo, só porque não fazemos por isso. Que dificuldade teria não o fazer, não usar uma máscara?
 
Imaginem que eu era 100% sincero. Todos saberiam o que eu pensava sobre cada um e sobre tudo, Todos me conheceriam. E não é isso que se prentende: que nos conheçam? Então porque ocultar o que nos vai na alma? Porquê fingir? Quem não gosta do que vê, tem todo o direito de virar as costas e ir embora. Quem gosta, fica e ama. Parece-me tão simples quanto isso...
 
Perguntam-se que talvez não seja assim tão simples. Pois, há mentiras, há cinismos que são usados para evitar problemas. O fim sob o meio. A quem é que isso parece correto? Os problemas só se queriam se as pessoas os quiserem criar. As pessoas só se ofendem se se quiserem ofender. A verdade é a verdade e não deve magoar ninguém. O que fere são as mentiras. Se não gosto de ver a outra pessoa de franja, então muito bem, ela toma conhecimento disso e pronto. Se ela gostar do seu corte de cabelo, o que lhe interessa o que eu acho. Desde que se sinta bem. Porquê mentir-lhe e dizer que está bonita quando não o está, aos meus olhos? Provavelmente, até o pode estar para o resto do mundo. Na verdade, o que é que isso importa? O que lhe importa são os seus olhos, pois são esses com que ela vê.
 
Esse é um exemplo muito mundano. Porém, podem-se atingir nivéis bem mais profundos. O que custa é ter de enfrentar o cinismo que tanto assola o nosso mundo. Na verdade, pensamos que conhecemos quem nos é proximo, pensamos que sabemos o que pensa, o que sente por nós, do que é capaz. Mas como podemos ter a certeza? Não podemos... E aí vêm as desilusões. Todas as nossas expetativas caem por terra. Porquê? Porque essa pessoa não nos conhece, porque pensa ou finge que o faz. Hipocrisia daquela que deixa de rastos qualquer um. Daquela que cria uma sede de sangue, uma raiva inabalável. Uma aversão indestrutível. E isto tudo por mentiras... Porque o sustentáculo tem como argamassa mentiras. As mentiras são instáveis e não duram muito. Estalam quando menos se espera. Só se sabe que acabam sempre por estalar.
 
E é por isso que eu quero construir o meu mundo com base na verdade. E para isso, na melhor que ser sincero. Se é verdade que todos nós somos um pouco cínicos, então que o sejamos. Eu só sei que quando as minhas mentiras e as minhas máscaras se quebrarem, pelo menos terei todas as outras verdades para me suportar, pois um uma casa não cai pela quebra de um tijolo ou outro, mas sim de muitos. Ou de todos...

Regresso a mim mesmo

Estava no estrangeiro. Como é costume, vamos visitar as igrejas, apesar de o meu único interesse nelas ser puramente estético. No entanto, dei por mim com uma sensação de conforto e segurança... Não por acreditar na presença de uma qualquer dvindade. Simplesmente senti o que as pessoas devotas que lá vão sentem. Um lampejo de segurança. Quando disso me apercebi, voltei a mim. Senti-me enojado e cínico. Senti que me tinha apunhalado a mim próprio no coração. Senti que tudo o que construira, toda a filosofia a que me tinha dedicado durante este tempo todo de nada me serveria, que desvanecia por entre os meus dedos.
 
Foi então que decidi agarrá-la. Agarrá-la com toda a força que tinha. Não a queria, nem quero deixar partir. Tudo o que menos quero e deixá-la ser arrancada de mim por uma existência miserável. Não... Não a vou deixar escapar...
 
Todo este tempo, todo o tempo que deixei de estar aqui, encontrei-me lá fora, no mundo, a procurar o que outros procuram, a fazer o que outros fazem. Diverti-me, fiz coisas que nunca tinha feito na vida e que são banais para outros. Mudei, traí-me... Caí na tentação, por assim dizer. Deixei-me levar pela maré, quando prometi a mim mesmo que continuaria a remar sempre contra ela, a não ser que para uma praia segura me levasse.
 
Odiei-me por isso... Procurei por mim no sítio errado. Porém, tudo muda agora. Apercebi-me do quão baixo me afundava e como me perdia cada vez mais. Não vai voltar a acontecer. Não quero que volte. Não me desejo tanto mal.
 
Voltei para me encontrar porque dei por mim enterrado no lixo do mundo. Ainda remexo na lama, mas espero vir a deixá-la e a lavar as mãos de tudo o que aconteceu. E espero que o calor dos meus pensamentos a sequem de vez para não haver possibilidade de voltar a nela chafurdar.

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Perdido...

Deus está morto! Nós criámo-lo e, em conjunto, estamos a matá-lo. Já não assombra a mente de muitos de nós; já nos deixámos de tais infantilidades. Contudo, era tudo muito mais fácil quando lhe "obedecíamos", quando ele estava ao nosso lado, pois acreditamos que nos poderia salvar, enventualmente...

Hoje em dia, não há católicos. Pelo menos, não há minha volta. Todos vivem sem Deus, mesmo aqueles que afirmam que nele acreditam. O problema é que, sem Deus, vivemos apenas connosco sozinhos. Não digo que aqueles que nele acreditam piamente e vivem segundo os valores cristãos vivem com ele e são felizes: pensam que vivem com ele e que são felizes, mas vivem apenas na ilusão, porque têm medo de se conhecer a si próprios, os covardes. No entanto, o que fazer quando se tem consciência disso, que Deus não passa de uma ilusão, de uma criação nossa?

O que acontece é que muitos se apercebem de que não se conhecem e de que não sabem o que fazem aqui. E tanto esses como os que não se apercebem disso conscientemente, procuram algo ou alquém que lho diga. Largam um deus para procurar outro. Pois «É mais fácil obedecer a outro do que condenar-se a si mesmo.» (Nietzsche). Estaremos condenados a fugir de nós próprios eternamente? A enterrarmo-nos no aconchego de um qualquer deus que nos conforte? Ou teremos poder para nos encontrar e ir mais longe? 

quinta-feira, setembro 29, 2011

Parafilias

«Uma parafilia (do grego παρά, para, "fora de",e φιλία, philia, "amor") é um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. São considerados também parafilias os padrões de comportamento em que o desvio se dá não no acto, mas no objecto do desejo sexual.» Wikipédia

Coisas estranhas, como este próprio assunto, são sempre coisas que me suscitam interesse. E considero este assunto, esta "coisa", um bom tema de reflexão e discussão. Pois todos nós estamos habituados a considerar que as zonas erógenas  do nosso corpo, tanto masculinas como femininas, são a única fonte de excitação e desejo sexual. Mas, e quando não são essas as principais fontes de excitação, mas sim outras. Outras que, na nossa (pessoas normais (normal na medida em que o objecto sexual são as zonas erógenas humanas) opinião, são completamente depravadas, ridículas ou até nojentas, horrorosas e doentias. O que pensar de pessoas que não se sentem atraídas pelo mesmo que nós nos sentimos?

Foi por isso que a homossexualidade e até a masturbação, foram consideradas parafilias. O desejo sexual era outro, os padrões de comportamento encontravam-se desviados. No entanto, actualmente essas duas coisas já não são consideradas parafilias, mas sim coisas normais, pelo menos a masturbação. Será que alguma das parafilias mais comuns poderão vir a ser consideradas normais. Vou dar-vos exemplos para pensarem sobre isso:

  • Agalmatofilia: atracção por estátuas;
  • Agorafilia: atracção por copular em lugares abertos ou ao ar livre;
  • Agrofilia: excitação em fazer sexon o campo (mato);
  • Apotemnofilia: desejo de se ver amputado;
  • Asfixiofilia: prazer pela redução de oxigénio;
  • BBW (Big Beautiful Woman): atracção sexual por mulheres obesas;
  • Coprofagia ou Coprofilia: excitação sexual proveniente da ingestão/contacto de fezes;
  • Crinofilia: excitação sexual provocada por secreções (suor, saliva, ...);
  • Dendrofilia: atracção por plantas;
  • Emetofilia: excitação provocada pelo acto de vomitar;
  • Espectrofilia: procura de prazer através de fantsias mórbidas com fastasmas, espíritos ou deuses;
  • Flatofilia: prazer erótico por escutar, cheirar e apreciar gases intestinais próprios e alheios;
  • Gerontofilia: atracção sexual de não-idosos por idosos;
  • Hipofilia: Desejo sexual por equinos;
  • Maieusofilia: excitação sexual por mulheres grávidas e/ou pela visualização de partos;
  • Masoquismo: procura de prazer através de dor infligida ao próprio;
  • Necrofilia: excitação sexual decorrente da visualização ou do contacto com um cadáver;
  • Pedofilia: atracção sexual de um indivíduo adulto ou adolescente por crianças;
  • Pirofilia: obtenção de prazer sexual através da visualização de fogo ou através do acto de se queimar ou de queimar qualquer coisa;
  • Podolatria: atracção sexual por pés;
  • Sadismo: excitação e prazer provocadas pelo sofrimento alheio;
  • Timofilia: excitação sexual provocada pelo contacto com metais preciosos, como o ouro e a prata, ou pela riqueza de forma abstracta;
  • Urofilia: excitação associada ao acto de urinar ou ingerir urina;
  • Vorarefilia: atração por um ser vivo engolindo ou devorando outro;
  • Voyeurismo: obtenção de prazer sexual através da observação de outras pessoas;
  • Zoofilia: atracção ou envolvimento sexual de seres humanos com animais de outras espécies.

Estes são apenas alguns exemplos de estranhas atracções sexuais e, muitas delas, depravadas e doentias. Muitas poderam estar associadas a problemas psicológicos e neuróticos. Muitas destas parafilias devem ser vistas como seriedade, pois podem trazer consequências graves a terceiros, como é o caso da pedofilia. Mas será que outras práticas, outras parafilias, associadas apenas às pessoas que se relacionam sexualmente, devem ser vistas com maus-olhos se ambas sentirem prazer no acto, no seu relacionamento? Como é o caso duma relação sadomasoquista: um dos parceiros excita-se ao ver o outro sofrer, enquanto que o outro excita-se ao fazer o outro sofrer. Para nós é estranho, claro! Porém, assim como o sadomasoquismo, a homossexualidade também o era (até a masturbação o era!). Será que temos o direito de julgar pessoas relacionadas de tal maneira? O que a nós nos parece frio, cruel e sofredor, não o é para eles. É excitante e prazeroso, na verdade!

Quem fala do sadomasoquismo, fala de qualquer outra parafilia que não perturbe fisica ou psicologicamente terceiros (caso da pedofilia ou zoofilia). Ingerir urina? Ou até mesmo fezes? Não me poderia deixar mais enojado... Mas será que tenho o direito de julgar as pessoas que se excitam com tal acto?

segunda-feira, setembro 26, 2011

Tabu: Estranhos Amores


Actualmente, dá um programa, regularmente, na National Geographic sobre diversos tipos de tabus que existem nos nosso mundo. Quer dizer, diversas pessoas ou sociedades que rompem com os diferentes tabus no nosso mundo: desde pessoas que bebem urina, como na Autrália, China e Índia, a pessoas que vivem como bebés nos seus tempos livres, de forma a descontrair e relaxar (chama-se a este tipo de estilo de vida: infantilismo.

De entre uma série de tabus quebrados, houve um, em especial, que despertou o meu interesse: o amor por objectos inanimados. Um dos episódios desta chocante e surpreendente série foi sobre amores estranhos, e um desses amores era mesmo esse: amar objectos. Enquanto um homem vivia, na Califórnia, apaixonado pelos seus carros, amando-os como se ama uma pessoa, uma mulher, na Alemanha, vivia apaixonada pelo Muro de Berlim (e era original dos EUA. Apenas de mudou para a Alemanha para estar perto da sua amada).

Comecei a pensar sobre o assunto. Primeiramente, achei estupidamente ridículo. Amar um carro? Amar uma parede? O que se passa com esta gente?! No entanto, não se trata de amor? Porquê privá-los de algo tão belo como o amor, por mais que seja por uma parede?

Bem, espero que respondam a esas últimas duas perguntas, assim como eu o tentarei fazer. Na minha opinião, é simplesmente ridículo, assim como o era quando me deparei com o assunto, amar uma parede, ou um carro! Amar um objecto inanimado parece-me algom uito superflúo e materialista. Contudo, os amantes proporcionavam todos os carinhos e cuidados perante os seus amados. Mas como se pode amar um obejcto se este não ama? Bem, como Madame Stael uma vez disse: «O amor é egoísmo a dois». Então, o que se chama a quem ama um objecto que, por sua vez, não pode amar? Egoísmo! É uma simples maneira de evitar os dramas que por vezes advêm do amor a dois. Todavia, o amor sentido por um carro, não substitui o amor sentido entre duas pessoas. Para além disso, este amor por objectos pode advir de um problema psicológico qualquer, posto que a mulher que amava o Muro de Berlim sofreu abusos na sua infância e esta foi traumática para ela, o que pode ter sido causa no refúgio nos objectos que não a magoavam e que ela podia amar sem sofrer.

Espero que deixem a vossa opinião!

quinta-feira, setembro 08, 2011

Uma Vida de Mosquito...

Para quem espera ansiosamente por novas mensagens, peço desculpa. Casa de verão, não internet, total liberdade.

Passo agora a registar um dos pensamentos, de entre muitos outros, que me ocorreu no Verão e que eu fiz tenção de anotar. Simples reflexões momentâneas que, no entanto, retratam sentimentos contínuos.

«Diversão é algo tão necessário na minha idade como qualquer outra coisa. No entanto, há limites e, na minha idade, esses limites já são um pouco restritos. Deve sempre haver tempo para a diversão, mas também o deve haver para a reflexão.

E isso é o que tenho tentado fazer ver aos moucos dos meus amigos. Pois para eles, não há tempo para reflexões; a sua vida é construída com base na diversão, e nada mais que isso. Mas de mim, a reflexão faz parte, assim como deveria fazer parte deles, caso quisessem chegar mais longe na vida; além daquela existência animalesca e grotesca.

Vejo-me, pois, como um mosquito no meio desta bicharada toda. Sou eu que estou ali para os picar, para drenar os dogmas e preconceitos sobre assuntos dos quais eles estão convencidos que conhecem e dominam. Sou eu que ali estou para os infectar com dúvidas e filosofias que nunca lhes passaram pela cabeça antes de os picar.

Contudo, esta tarefa não é fácil, pois ser amigo de um mosquito é difícil. Caso não resistam à infecção, o que apenas demonstra o quão animalescos, grotescos e frágeis são, vão querer esborrachar-me e calar-me como se esborracha e cala um mosquito, para sempre. Caso se tornem meus amigos, vão ter de suportar as doenças que lhes trago. E se quiserem viver, curar-se, vão ter de abraçar essas infecções ou combatê-las. Noutro caso, ou vivem e morrem doentes ou acabam com a origem da doença, como é mais fácil. É o que todos fazem, de uma maneira ou de outra, pois nenhum deles quer ficar doente, nem nenhum deles se quer curar.»

Com isto, queria apenas descrever a profunda frustração que sentia e que continuo a sentir. Quero apenas que duvidem, que reflictam, que pensem. Que abraçem essas infecções, essas doenças, e que lutem contra elas. Não mais que isso. Mas antes de poder explicar o que quero, já fui esborrachado. Morto a sangue frio como qualquer mosquito o é...

terça-feira, junho 14, 2011

Realidade vs Ilusão

No ano passado, publiquei um post sobre este mesmo tema. E, devido às circunstâncias em que me encontrava, o meu pensamento foi condicionado (determinado). E acabei por afirmar, explicitamente, que era melhor viver sob uma ilusão, que na própria realidade. Agora que me deparei sobre o que disse, sinto-me um completa hipócrita. Pois foi apenas o calor do momento que me levou a afirmar tal coisa. Eu nunca acreditei, nem nunca acreditarei, que é preferível viver no mundo dos sonhos, em vez de viver com os pés bem assentes na Terra.

Primeiramente, porque apenas quem vive nesta realidade pode lutar por ela e lutar a favor do que tem de melhor e contra o que tem de melhor. Para além disso, quem prefere viver num mundo ilusório onde todos os seus desejos e ambições lhe parecem reais, não passa de um fraco. De um fraco que não consegue enfrentar a instabilidade do mundo e o que ele tem de pior. E, assim, deposita a sua vida numa realidade para além desta. No entanto, quanto mais o faz, maior será a sua queda quando acordar e perceber que é nesta realidade que vive.

As ambições e os desejos apenas levam o Homem a elevar-se mais nessa completa ilusão, pois as pessoas deixam de agir como deviam, como é correcto agir, de acordo com o que é melhor para elas, e também para os outros, se for o caso, e passam a agir de forma condicionada, se não determinada. Passam a agir de acordo com os seus desejos e ambições, podendo mesmo agir incorrecta ou imoralmente.

Assim, concluo afirmando que não, não é melhor  viver numa ilusão. Pois esta é a nossa única realidade, esta é a verdadeira realidade. E apesar de instável, não deixa de ser maravilhosa. E apesar de triste, não deixa de ser alegre, por vezes. Tudo depende dos pontos de vista de cada um. Simplesmente não podem é querer fugir a esta realidade...


segunda-feira, junho 06, 2011

Paganismo

 Não sou crente, mas também não sou herege! Continuo a procurar respostas para as minhas dúdivas transcendentes. No entanto, poucos me esclarecem e, os que o fazem, não me convencem, não sei se por falta de argumentos por parte deles se por orgulho e teimosia por minha parte. Apenas sei que, de acordo com a sociedade em que vivo, ou acredito em Deus ou não posso acreditar em nada!
A mitologia grega sempre me fascinou, assim como crença em deuses divinamente humanos que, apesar de o serem, eram também perfeitamente fantásticos. E, por esse mesmo motivo, a religião que girava à sua volta era igualmente maravilhosa e sempre me fascinou. E, por vezes, pergunto-me: porque não posso eu ser pagão e acreditar nessas divindades como outrora acreditavam?

Muitos me respondem que outrora apenas o faziam porque não podiam explicar os fenómenos naturais que hoje explicamos sem grande dificuldade. No entanto, porque não posso atribuir a ocorrência desses mesmos fenómenos à vontade dos deuses que nos desejam punir ou recompensar? Porque não posso eu considerar que o movimento das placas tectónicas que originaram um sismo foi causado por um deus zangado? Porque não posso considerar como causa primeiro os desejos e estados de humor dos deuses.

Bem, primeiro por falar em deuseS e não em Deus, no singular. Apercebi-me que a sociedade que me rodeia não aceita outra crença senão a em Deus ou outra entidade singular e perfeita. Para além disso, a perfeição de Deus ou de outra entidade nunca daria origem a catástrofes como as que verificamos na Natureza.

Contudo, e para além disso, continuo a achar que o mundo seria muito mais maravilhoso se a crença nesses Deuses ainda fosse aceite. O fascínio e o fantástico do passado ainda estaria sobre nós, assim como a aura de luz que os acompanhava.

sexta-feira, maio 27, 2011

Em quem devemos votar?

Li algo extremamente interessante num  livro que saiu há pouco tempo num jornal (acho que foi no Público) chamado: Filosofia em Directo, de Desidério Murcho. E esse algo deixou-me a pensar...
Digamos que somos passageiros a bordo de um avião e que temos que escolher o piloto que o vai pilotar por votação. «Sem conhecimentos de aviação nem tempo nem disposição para os adquirir, as pessoas não poderiam votar sensatamente no melhor piloto. A probabilidade seria que não nos mais competentes, mas nos mais loquazes, nos mais bonitos ou nos mais ricos e trapaceiros que, por terem mais dinheiro, poderiam fazer melhores campanhas a seu favor. E o resultado seria que muitos mais aviões cairiam, matando muitas centenas de pessoas, do que na situação actual em que não há qualquer democracia na escolha do piloto de avião: este é imposto em função das suas credenciais, que são controladas por pessoas que sabem o que fazem, e não por um qualquer passageiro munido de um boletim de voto».

Pergunto agora: será que também não estamos a escolher os nosso 'pilotos' com base em todos esses factores? Pois, na verdade, quantos de nós estão cientes das competências dos candidatos políticos? Será que a nossa escolha é mais coerente do que a dos ignorantes passageiros?

Ficaria satisfeito com quem conseguir responder-me a esta pergunta de uma forma coerente e credível.

quinta-feira, maio 26, 2011

Falta de Princípios

 A nossa vida, a minha e a dos outros estudantes, não é feita de facilidades, assim como a de muita gente. Sim, trabalhamos muito; sim, já estamos um pouco cansados; porém, para além de todo este trabalho ser necessário para nos garantir um futuro melhor, faz-nos também ver, aprender, perceber o que nos espera lá fora. 

No entanto, acho completamente ridículo quando se tenta dar a volta a este facto adquirido. É verdade que não conseguimos ir a lado nenhum sem esforço e trabalho, é verdade que não há sucesso sem essas duas componentes. Contudo, e apesar de o esforço e o trabalho não ser grande, continuam a tentar enganar-se encontrando maneiras mais fáceis de superar os desafios que se nos deparam, evitando, pois, todo o esforço que, apesar de cansativo, é também necessário.

Repudiu (não em demasia) as pessoas que isto fazem. Primeiro porque se acham extramente espertos pelo que fazem, apesar de isto revelar apenas falta de bom senso. Em segundo lugar, porque acham que ficam a ganhar com essa desonestidade, apesar de perderem muito mais (nem imaginam o quanto), do que se fossem honestos. E em terceiro e último lugar, porque revelam ainda uma falta de príncipos e bom senso, como já referi, que apenas leva a juventude a desenvolver a crise de valores que já assola a nossa sociedade.
E sem este querer superar os desafios, e sem esta falta de força, de luta, de persistência, vejo-nos a nós, jovens, a alargar o fosso de valores em que já nos encontramos.

domingo, maio 22, 2011

José Castelo Branco - A Fraqueza de Espírito

Já lá vai tanto tempo desde a última vez que aqui escrevi. Posso mesmo afirmar: quanto mais tempo passa, mais trabalho se tem!


Fiquei hoje impressionado com a falta de escrúpulos desta mesma pessoa. Enquanto me encontrava a ver o novo programa da TVI, os Perdidos na Tribo, pelo simples facto de ser completamente ridículo, apercebi-me do quão 'fraco' José Castelo Branco é.

Antes de mais, o desrespeito dele pelos seus anfritiões é completamente ridículo. A sua falta de carácter é colossal. Para além disso, viu-se envolvido numa cena em que tinha que acartar um balde com água na cabeça. A sua fraqueza, neste caso física, levou-o a desistir antes de chegar ao seu destino. A 'birra' que fez por não querer continuar a carregar o balde levou-o a ser forçado a fazê-lo o que, consequentemente, levou-o a deitar o balde de água que carregava ao chão. E isto, mesmo parecendo pouco, impressionou-me. Encontrava-se na Etiópia; o calor lá é abrasador; a falta de água potável é um dos grandes problemas que assola as populações que vivem naquela região. No entanto, teve a coragem, se é que se pode chamar de coragem, de desperdiçar o bem mais precioso para toda aquela gente, pelo simples facto de ser fraco - tanto de estatura como de alma.

Para agravar mais a sua situação e imagem, ainda se viu envolvido noutra cena reveladora. Quando tinha que marcar as vacas da sua tribo, golpeando-lhes a orelha (mas não cortando-a), assegurou que não o faria porque não gostava de fazer mal aos animais. Todavia, e irremediavelmente, lá acabou por fazê-lo. Contudo, em vez de apenas golpear a orelha do animal, acabou por lhe cortar a ponta. Deu por si com a ponta da orelha da vaca na mão e desatou a gritar, mantendo o pedaço da orelha na sua mão. Quando acabou de gritar, benzeu-se disse um ou dois 'Ai, meu Deus!' e acabou por declarar 'Já tenho um troféu!', colocando, seguidamente, o pedaço da orelha da pobre vaca à frente tanto do seu peito, como do pulso como de outros lugares onde o pudesse usar como enfeito, chegando mesmo a afirmar 'Dava um bonito colar'.

Isto apenas demonstra a falta de princípios deste mesmo ser. O seu carácter abalou-me e, por mais que seja contra a violência e contra o desprezo e todas essas coisas, uma pessoa como ele é que não faz falta nenhuma nem a Portugal nem ao mundo. O problema é que, como ele, há muitos!

domingo, dezembro 19, 2010

Preconceitos, expectativas, convicções


Há uns dias, no decorrer de uma conversa com uma amiga, apercebi-me das três piores coisas que um ser humano pode possuir, na minha opinião: preconceitos, convicções e expectativas.

Obviamente que todos devem saber porque é que os preconceitos são algo indesejável: distorcem a realidade, fazendo-nos criar uma opinião acerca de algo ou alguma coisa antes de experimentarmos esse mesmo algo. O melhor exemplo de um preconceito é não nos darmos com uma pessoa por essa mesma pessoa ser de raça negra ou homossexual. E quem diz raça negra ou homossexual diz outra coisa qualquer. Porém, todos nós sabemos que os preconceitos distorcem a realidade e não nos premitem aprofundar os nossos conhecimentos, conhecer novas pessoas e novas ideias. São sempre anti-filosóficos.

As expectativas não ficam longe. A ideia é idêntica. Por exemplo, quando um teste nos corre lindamente, o que já me aconteceu muitas vezes, criamos expectativas de tirar uma excelente nota. No entanto, por vezes, tiramos uma nota boa (ou não), mas não excelente. Na minha opinião, as expectativas são horríveis na medida em que nos iludem. Geralmente, detorpam o futuro e quando nos apercebemos que o futuro não é como imaginávamos, ficamos frustrados e sentimo-nos enganados. Quando criamos más expectativas acerca de algo e o final acaba por se revelar feliz, parece-nos que não é mau de todo. No entanto, melhor é não criar expectativas de todo pois, assim, não precisamos de esperar, infelizes, que o final se revele feliz. Uma vida sem expectativas é uma vida sem preocupação e frustração.

Por fim, as convicções. A meu ver, estas são quase que as piores das três. Isto porque são tão ou mais anti-filosóficas que os preconceitos pois, quando estamos convictos de algo, não damos qualquer hipótese à existência ou reflexão acerca desse mesmo algo. Criamos uma resposta definitiva, não deixando margem para dúvidas. Esta ideia, opõe-se ao objectivo da filosofia, que é criticar e refletir acerca de todas as nossas crenças e ideias. Pois, com a filosofia, raramente há uma reposta definitva; arrisco mesmo a dizer nunca.

Para mim, uma pessoa sem qualquer uma destas três coisas, é uma pessoa forçosamente feliz. Eu tento sê-lo e, para isso, ao aperceber-me destes três tormentos, tento erradicá-los e destruir toda a ilusão que estes acarretam.

terça-feira, novembro 30, 2010

Osho: Lições de Vida - 1

Desde há uns aninhos que ando a ler umas pequenas parábolas e lições de vida do, provavelmente, maior filósofo budista: Osho. Desde que arranjei esse pequeno livro, que me apercebi logo da magia e da sabedoria que o rodeava. Ao lê-lo, o mundo tornava-se mais brilhante, utópico. Todas as preocupações desapareciam e os problemas parecia que nem lá estavam.

Tudo isto com verdades que todos nós conhecemos e que, no entanto, nos recusamos a aceitar. Preferimos complicar as coisas quando deveriamos fazer o contrário.

Deixo-vos aqui a primeira de muitas lições que colocarei no meu blog de tempos a tempos. Espero que vos ajude e que vos indique o caminho a seguir na vida.

Bênçãos Encobertas

O único problema que se põe relativamente à tristeza, ao desespero, à raiva, ao desânimo, à ansiedade, à angústia e à miséria é que o leitor se quer livrar de tudo isso. Essa é a única barreira. Terá de viver com tudo isso. Não pode simplesmente fugir. Tudo faz parte da vida em que tem de se integrar e crescer. São desafios da vida. Aceite-os. São bênçãos encobertas.
A Sorte e o Azar de um Aldeão (Parábola)

Um homem tinha um cavalo muito bonito e o cavalo era tão raro que até os imperadores tinham pedido ao homem para o vender – fosse qual fosse o preço – mas ele recusou. Então, uma manhã, ele descobriu que o cavalo tinha sido roubado. A aldeia inteira reuniu-se para lamentar e todos diziam:
- Que infeliz! Podias ter ganho uma fortuna; as pessoas ofereciam-te tanto. Foste teimoso e foste estúpido. Agora o cavalo foi roubado.
Mas o velho riu e disse:
- Não digam disparates! Digam apenas que o cavalo já não está no estábulo. Deixem que o futuro venha e depois veremos.
E aconteceu que, quinze dias depois, o cavalo regressou e não vinha sozinho – trouxe uma dúzia de cavalos selvagens com ele da floresta. A aldeia inteira juntou-se e todos disseram:
- O velho tinha razão! O cavalo voltou e trouxe doze belos cavalos com ele. Agora, pode ganhar tanto dinheiro quanto quiser.
Foram ter com o homem e disseram-lhe:
- Perdão. Não conseguimos entender o futuro e os caminhos de Deus, mas tu és grandioso! Tu sabias algo sobre isso; tu tens alguma visão sobre o futuro.
Ele disse:
- Que disparate! Tudo o que sei é que o cavalo regressou com doze cavalos; o que vai acontecer amanhã ninguém sabe.
E no dia seguinte sucedeu que o filho único do velho homem caiu e partiu as pernas quando estava a tentar domar um dos cavalos. Toda a aldeia se reuniu novamente e todos disseram:
- Nunca se sabe; tinhas razão. Afinal, foi uma maldição. Teria sido melhor que o cavalo não regressasse. Agora, o teu filho ficará aleijado para toda a vida.
O velho disse:
- Não se precipitem! Esperem e vejam o que acontece. Digam só que o meu filho partiu as pernas; é tudo.
Aconteceu que, quinze dias depois, todos os jovens da aldeia foram levados à força para combater porque o país ia entrar em guerra. Somente o filho do velho homem foi deixado para trás, porque não tinha qualquer utilidade. Toda a gente se reuniu… e disseram:
- Os nossos filhos partiram! Pelo menos, tu tens um filho. Talvez esteja aleijado, mas está aqui! Os nossos filhos partiram e o inimigo é de longe mais forte; vão ser todos mortos. Na nossa idade avançada, não teremos ninguém para tomar conta de nós, mas tu, pelo menos, tens o teu filho e talvez ele fique curado.
Mas o velho homem disse:
- Digam apenas que os vossos filhos foram levados. O meu filho foi deixado para trás, mas não há nenhuma conclusão.

Limite-se a expressar o facto! Não pense nas coisas como sendo uma maldição ou um bênção. Não interprete e subitamente verá que tudo é maravilhoso.

Ausência prolongada

Peço imensa desculpa a todos aqueles que gostam de ler o meu blog ou que têm curiosidade acerca do que escrevo. Ultimamente o trabalho escolar não me tem deixado tempo para escrever acerca do que penso. Nunca deixei de ter novas ideias nem de pensar acerca de assuntos da vida. No entanto, a escola rouba-me a energia necessária para depositar aqui o que me vem à memória.

Mais uma vez peço desculpa e passo desde já a avisar que voltarei a escrever regularmente nas férias do Natal, altura em que espero ter mais tempo para mim.

domingo, outubro 17, 2010

Agostinho da Silva

O professor Agostinho da Silva nasceu a 13 de Fevereiro de 1906, no Porto, e  foi, provavelmente, o maior filósofo  e pensador português. Para além disso, foi também poeta e ensaísta. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático e empenhado, através da sua vida e obra, na mudança da sociedade. Contudo, devido à ditadura salazarista e falta de liberdade de expressão, este grande homem é exilado para o Brasil, e é lá que desenvolve a sua filosofia. É por isso que não pudemos tirar proveito da sua filosofia, ficando grande parte dela no Brasil.

Aqui está um pequeno mas maravilhoso poema deste grande homem:

O que faço só importa
Se traduz o que vou sendo
Se assim não for é nada
Só finjo que estou fazendo.