segunda-feira, setembro 03, 2012

Regresso a mim mesmo

Estava no estrangeiro. Como é costume, vamos visitar as igrejas, apesar de o meu único interesse nelas ser puramente estético. No entanto, dei por mim com uma sensação de conforto e segurança... Não por acreditar na presença de uma qualquer dvindade. Simplesmente senti o que as pessoas devotas que lá vão sentem. Um lampejo de segurança. Quando disso me apercebi, voltei a mim. Senti-me enojado e cínico. Senti que me tinha apunhalado a mim próprio no coração. Senti que tudo o que construira, toda a filosofia a que me tinha dedicado durante este tempo todo de nada me serveria, que desvanecia por entre os meus dedos.
 
Foi então que decidi agarrá-la. Agarrá-la com toda a força que tinha. Não a queria, nem quero deixar partir. Tudo o que menos quero e deixá-la ser arrancada de mim por uma existência miserável. Não... Não a vou deixar escapar...
 
Todo este tempo, todo o tempo que deixei de estar aqui, encontrei-me lá fora, no mundo, a procurar o que outros procuram, a fazer o que outros fazem. Diverti-me, fiz coisas que nunca tinha feito na vida e que são banais para outros. Mudei, traí-me... Caí na tentação, por assim dizer. Deixei-me levar pela maré, quando prometi a mim mesmo que continuaria a remar sempre contra ela, a não ser que para uma praia segura me levasse.
 
Odiei-me por isso... Procurei por mim no sítio errado. Porém, tudo muda agora. Apercebi-me do quão baixo me afundava e como me perdia cada vez mais. Não vai voltar a acontecer. Não quero que volte. Não me desejo tanto mal.
 
Voltei para me encontrar porque dei por mim enterrado no lixo do mundo. Ainda remexo na lama, mas espero vir a deixá-la e a lavar as mãos de tudo o que aconteceu. E espero que o calor dos meus pensamentos a sequem de vez para não haver possibilidade de voltar a nela chafurdar.

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