sábado, setembro 18, 2010

Masoquismo indiscreto...


Um dia destes pus-me a pensar no tabaco. Por que é que tanta gente fuma? E por que fumam? E por que continuam a fazê-lo sabendo quais as consequências de o fazer? Cheguei a duas conclusões: ou essas mesmas pessoas são ignorantes e não sabem quais os malefícios do tabaco (muito pouco provável) ou então são masoquistas.

Uma pessoa pode não conhecer quais as graves consequências que o tabaco traz consigo. Se não conhecer essas mesmas consequências  se lhe der prazer fumar, não vê qual o motivo para parar. Felizmente, actualmente esse número de pessoas é infinitamente reduzido. Infelizmente e surpreendentemente, as pessoas que conhecem os perigos de fumar não o deixam de o fazer. Conclusão: são masoquistas.

Um masoquista, para quem não sabe, é alguém que tem prazer com actos que violentam o seu próprio corpo ou, por vezes, espírito, como por exemplo cortar-se ou mutilar-se propositadamente. O tabaco violenta irrevogavelmente o nosso corpo. É verdade que é diferente mas, a única diferença, é a maneira como o violenta. Um corte provoca-nos uma dor aguda e momentânea. Passado uns minutos já não sentimos nada, se for um corte pouco profundo, obviamente. O tabaco mata-nos lentamente, causa-nos dor de diferentes maneiras. Apesar de não sentirmos nenhuma dor momentânea ao fumar um cigarro, sentimo-la mais tarde, depois de fumar muitos cigarros. Se o fazemos propositadamente, somos masoquistas.

Fumadores e não fumadores, pensem comigo. O que diriam de uma pessoa que corta os pulsos? E o que diriam se essa mesma pessoa não ficasse por aí? E se essa pessoa fosse mais longe? E se essa mesma pessoa, após ter cortado os pulsos, corta-se os dedos? E depois a mão, e o braço, e o outro, e uma perna, e outra perna? E, se com todo esse banho de sangue continuasse viva, passasse para o o peito? Dilacerava o seu corpo desmembrado e, no final, com tamanho prazer, arrancaria o seu coração. Bem, acho que posso falar por todos: só pode ser doentiamente louco? Então, o que diriam de alguém que faz o mesmo mas de uma forma diferente e mais demorada? O que diriam de alguém que o faria para obter prazer, apesar de amar a vida? Bem, seria o louco confuso? Se ama a vida, porque faria tal coisa? Só para obter um prazer? Prefiro sofrimento ou dor momentânea do que prazer mortífero. Porque é isso que o tabaco implica: um prazer mortal.

Espero que tenham entendido a minha pequena "história". Se fumam, deixem de o fazer. A não ser que na verdade sejam aquela pessoa que se mata por prazer. Se não forem desse género de pessoa, parem agora. Muitos de vós ainda vão a tempo. Outros, já tiveram uma oportunidade...

Só têm uma oportunidade: ou agora, ou nunca.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Nazismo

Estou agora a ver um filme na RTP 1 que se chama América Proibida. Está relacionado com os skinheads na América do Norte. Diziam eles que combitiam a invasão ilegal de outras raças como a negra, a asiática, a mexicana, etc. Achavam que essas mesmas pessoas estavam a roubar os benefícios que deviam estar ao dispor dos americanos. Contudo, o mais impressionante, é o facto de essas mesmas pessoas (se é que lhes posso chamar de pessoas) venerão Adolf Hitler e o seu desumano nazismo.

Nunca nada me impressionou tanto, acerca da história da humanidade, como o nazismo. Foi a mais demoníaca e sobernatural existência no mundo. Antes de mais nada, ninguém é capaz de entender como é que pessoas como Hitler viveram tempo suficiente para cometer tão horrorosos e terríficos actos. Charmar-lhe de Anticristo é um eufemismo. Nem sei como o posso caracterizar. Não sei se diga que era ignorante, preconceituoso, racista, demoníaco, puramente mau, ... Provavelmente era tudo isso e muito mais. Todavia, piores foram aqueles que se deixaram encantar pelos seus apelativos discursos. Que se deixaram manipular, controlar. Que fizeram tudo o que lhes mandavam sem nunca questionar a palavra do seu Fuher. Sádicas aberrações da Natureza.

Ainda assim, todo este grande holocausto e genocídio servi-nos como lição. Um lição que não pode ser esquecida. Não nos podemos esquecer que todos somos irmãos, que todos somos humanos, que todos somos um. Todos nós fazemos parte da Natureza. Ninguém é melhor que ninguém. «Todos diferentes, todos iguais». Porque é que as pessoas utilizam esta expressão sem reconhecer o seu verdadeiro significado? Nós somos todos iguais. Não é a raça ou a cor que nos distingue. Nada dessas coisas importam. O sangue que corre nas nossas veias, nas veias do Homem, é todo ele vermelho. E a isso já não prestam atenção!

Só de olhar para um símbolo que representa todo aquele grande horror que manchou a nossa Mãe Natureza com sangue de inocentes e pecadores, só de olhar para um desses símbolos, dá-me vontade de gritar. Gritar para expulsar esses demónios das cabeças de quem quer repetir o mesmo erro. De quem acha que, o que aconteceu, foi o melhor para a humanidade e que se deveria repetir! De todas as aberrações sanguínarias que não conseguem distinguir o Bem do Mal! Porque infelizmente ainda existem pessoas assim. Aberrações da natureza. Bestas sádicas...

Não pensem que estes assuntos não são importantes. Não pensem que as aulas de História servem apenas para jogar ao jogo do galo. A História existe para nos mostrar erros que não podem voltar a ser repetidos. Existe para mostrar ao mundo como ainda existem almas boas e puras que tentam e conseguem dizimar esses mesmo erros. Por favor, prestem mais atenção a estes assuntos pois eles merecem essa atenção e, em qualquer caso que seja, não brinquem com eles. Não brinquem com coisas que custaram a vida a milhões de pessoas.

Filmes relacionados com o nazismo:
- A Vida é Bela
- Valquíria
- O rapaz do pijama às riscas
- A Lista de Schindler
- Sacanas sem Lei

terça-feira, setembro 07, 2010

Um Verão cheio de experiências...



Peço desculpa aos meus assíduos seguidores pela minha longa ausência. Não tive outra opção senão a de me ausentar.

O Verão está a acabar e a escola a recomeçar. Tudo tem um fim (ou será que é nada?). Temos que viver com isso e ver o lado positivo das coisas. É óbvio que o Verão é utópico para nós, adolescentes, e o meu estava a ser mesmo bom. Contudo, quem não tem nem que seja só um bocadinho de saudades da escola? De rever os antigos colegas, de conhecer novos, de entrar numa nova escola, etc. Quem não tem saudades dessas coisas?

Todavia, esta mensagem tem como tema o Verão e não a escola. Obviamente que não vou falar sobre o Verão, no geral. Vou falar, particularmente, no meu Verão.

Bem, foi um Verão como os outros: praia, amigos, saídas à noite, viajar, etc. Contudo, para além disso, tive também algumas experiências. Umas boas outras más. Não as vou referir vou apenas divagar um pouco sobre o que é experimentar.

Ainda mesmo ontem, surgiu-me uma frase acerca deste mesmo tema: «Não são as experiências que são más mas sim o hábito de as experimentar». O que queria eu dizer com isto: apenas que experimentar coisas novas não é uma coisa má, por mais que essas mesmas coisas experimentadas possam ser aparentemente impuras ou indignas (drogas, tabaco, álcool). Não estou a contradizer o que disse anteriormente. Sim, as drogas, o tabaco e o álcool são coisas más se as experimentarmos regularmente. É óbvio que é um pouco mais complicado que isso mas experimentar essas mesmas coisas (não estou a dizer que experimentei) não é algo mau, é algo natural. É natural nós querermos conhecer e experimentar coisas novas. Não é normal nós as experimentarmos habitualmente sabendo quais os riscos de o fazer.

Com tudo isto apenas queria passar uma mensagem: não construam muros contra inimigos que desconhecem. Primeiro, têm que os conhecer. Depois, podem construir o que quiserem para se protegerem dele.

sexta-feira, julho 30, 2010

"Viver a vida"

Adoro quando as pessoas dizem: "Estou a viver a vida!"; ou: "Tens que viver a vida!". Então pergunto-me: "Qual o significado de 'viver a vida'? Bem, eu sei as respostas das pessoas que afirmam o que anteriormente referi: "Viver a vida é aproveitar o momento. É aproveitar a vida e fazer o que gostamos e o que nos dá prazer.". E o que nos dá prazer? Bebidas, drogas, tabaco, sexo... Não preciso de afirmar que essas coisas que referi, excepto o sexo, a não ser que este seja descontrolado, são prejudiciais à vida do Homem. Com ou sem excesso, temos que admitir que são porque corrompem-nos e distorcem a nossa personalidade não sabemos bem como. Para mim, coisas como essas são obviamente más, por mais prazer que nos possam trazer. Isto porque esse prazer que elas nos fornecem é físico e superficial.

Para mim, viver a vida é mais do que isso. Viver a vida é algo profundo, como o é a própria vida. Viver a a vida BEM é amar a própria vida, e não desperdiçá-la. Quem ama a vida vive-a bem. A vida não se reduz ao tabaco, ao álcool, ao sexo e a todas essas coisas carnais. Viver a vida é aproveitar os momentos presentes, concordo. Mas não alimentando o nosso corpo, satisfazendo as necessidades perversas e supérfluas que este exige. É alimentar a alma, que pede para ser alimentada e não esquecida...

O Anticristo

 
Já acabei de ler o livro que estava a ler (O Anticristo). Tenho que admitir que não percebi grande parte do livro mas gostei do que consegui entender.

É um livro que eu recomendo aos que se consideram cristãos, apenas para que se familiarizem com uma perspectiva diferente daquela a que estão acostumados.

Deixo aqui o capítulo que, na minha opinião, melhor define o livro (Capítulo 15):

"No cristianismo, nem a moral, nem a religião, estão em contacto com a realidade. Nada mais do que causas imaginárias («Deus», «a alma», «eu», «espírito», «livre-arbítrio» - ou mesmo o arbítrio que não é «não livre»); nada mais do que efeitos imaginários («o pecado», «a salvação», «a graça», «a expiação», «o perdão dos pecados»). Uma relação imaginária entre os seres («Deus», «os espíritos», «a alma»); uma imaginária ciência natural (antropocêntrica; uma absoluta carência do conceito de causas naturais); uma psicologia imaginária (nada mais do que mal-entendidos, interpretações de sentimentos gerais agradáveis ou desagradáveis, tais como os estados do grande simpático, com a ajuda da linguagem figurada das idiossincrasias religiosas e morais) - («o arrependimento», «a voz da consciência», «a tentação do Demónio», «a presença de Deus»); uma teleologia imaginária («o reino de Deus», «o Juízo Final», «a vida eterna»). - Este mundo de puras ficções distingue-se, para sua desvantagem, do mundo dos sonhos, pois que este reflecte a realidade, enquanto o outro mais não faz do que falseá-la, depreciá-la e negá-la. Desde que o conceito de «natureza» foi inventado como oposição ao conceito de «Deus», «natural» tornou-se o equivalente de «desprezível» - todo este mundo de ficções tem a sua raiz no ódio contra o natural ( - a realidade! - ), o ódio é a expressão do profundo incómodo causado pela realidade. Mas isto explica tudo. Quem é que tem razões para sair da realidade através de uma mentira? Só aquele a quem a realidade faz sofrer. Mas sofrer, nesse caso, significa ser ele próprio uma realidade falhada... A preponderância do sentimento de pena sobre o sentimento de prazer é a causa desta religião, desta moral fictícia: um tal excesso fornece a fórmula para a decadência..."

quarta-feira, julho 14, 2010

Ágora

Vi este filme no cinema e, agora que o tenho em DvD, já o vi outra vez. Está simplesmente fascinante e quem o achou uma seca ou não percebeu a história e a moral que encerrava ou é insensível.

«Século IV d.C. No Egipto, sob o poder do Império Romano, violentos confrontos sociais e religiosos invadem as ruas de Alexandria… Presa entre paredes, sem poder sair da lendária livraria da cidade, a brilhante astrónoma, Hypatia, com a ajuda dos seus discípulos, faz tudo para salvar os documentos da sabedoria do Antigo Mundo… Entre os discípulos, encontram-se dois homens que disputam o seu coração: o inteligente e privilegiado Orestes e o jovem Davus, escravo de Hypatia, dividido entre o amor secreto que nutre por ela e a liberdade que poderá ter ao juntar-se à imparável vaga de Cristãos.»

sábado, julho 03, 2010

Deus e a religião

(Só os interessados é que vão ter paciência para ler isto tudo)
Alguns de vós já sabem ou já perceberam que não sou católico. Não acredito na existência de Deus. Considero-me agnóstico apesar de ser ateu. Digo que o facto de Deus existir ou não não me interessa mas, na verdade, interessa-me, bastante.
Já lá vai um tempo desde que me comecei a interrogar sobre a religião e sobre Deus (Deus existe? Para que serve a religião? Como é que a existência de Deus contribui para a nossa felicidade?). A curiosidade era muita e a informação que tinha, pouca. Então, com uma inabalável determinação de provar que a existência de Deus em nada contribui para a minha felicidade ou para a de qualquer outro ser humano, comecei a fazer pesquisas no meu livro de filosofia, onde era abordado este tema, tal como eu queria. Encontrei várias teorias que tentavam responder à pergunta: O que é a religião? Esta pergunta, por sua vez, relaciona-se com a pergunta que tanto desejava e ainda desejo responder: Deus existe?

A primeira teoria que encontrei era de Sigmung Freud. Foi a teoria que mais me convenceu: Uma das experiências fundamentais do ser humano é a sensação de segurança e necessidade de protecção e amparo. Para Freud, a religião surge como mecanismo de defesa perante as ameaças da natureza e a dureza das relações socias. Deus será assim concebido como o Protector supremo, o ser todo-poderoso que alivia a angústia e o medo do homem perante a realidade, que consola e ampara. Tal como o pai está para o filho, assim Deus está para o Homem. A religião corresponde, assim, a um estádio infantil da humanidade, à constante necessidade de ter um pai na relação com o qual se vive um sentimento ambivalente: amor e medo. A religião é um remédio ilusório para as dores e a frustação do ser humano.

Não podia concordar mais! Contudo, também concordo com a teoria de Karl Marx, que defende que a religião é o ópio do povo: O mundo religioso, o "Reino de Deus", não tem consistência própria, não é verdadeiramente real. É a "flor imaginária" que decora os grilhões que oprimem os explorados. A religião, segundo Marx, ensina os explorados que o mundo real e miserável em que vivem não tem valor e que o importante é o "outro mundo", o "reino de Deus", lugar onde os sofredores e humilhados encontrarão justiça e felicidade. Assim, Marx afirma que a religião é antirevolucionária porque convida o homem a esperar a chegada de um mundo justo. Como esse mundo está para além deste, cria-se na mente da criatura oprimida a convicção de que o sofrimento é, apesar de tudo, um passaporte para a eternidade e de que, no fundo, os homens são incapazes de justiça e humanidade. A religião justifica, apesar de parecer o contrário a opressão dos explorados pelos exploradores. Ela é um "sintoma" da desumanidade do mundo dos homens e não o remédio para esse mal.

Para além destas teorias, que considero suficientes para justificar, no mínimo, o facto de EU não acreditar em Deus, o facto de ser ateu, ainda existe uma outra, apresentada por Nietzsche: O homem, incapaz de enfrentar a realidade única (o mundo em que vivemos), inventa um mundo que satisfaça os seus desejos de segurança, certeza e estabilidade, para nele se refugiar. Facilmente se odeia "este mundo". Facilmente se esquece o que tem de bom e agradável. Então, imagina-se "outro mundo" e chama-se-lhe "mundo do ser", "verdadeira realidade", o "Reino de Deus". Nietzsche considera esta atitude uma cobardia perante a realidade. Os fracos não toleram a instabilidade, a dor e a imprevisibilidade, que são características do mundo terreno. É de tal modo profundo o seu desejo de que exista esse mundo justo que transformam um mundo inventado num mundo verdadeiramente real e superior. Segundo Nietzsche, o "Reino de Deus" é uma miserável invenção de vontades fracas e impotentes, de realidades falhadas incapazes de aceitar que a vida é uma combinação de dor e alegria, de estabilidade e de instabilidade. A religião não é uma simples deformação da realidade. O "Reino de Deus" é uma ficção destinada a desprezar, caluniar e destituir o mundo terreno de qualquer valor.

Bem, depois de tanto argumento, já devem estar um pouco cansados, não? Mas não será que todos esses senhores tinham razão quanto ao que diziam? Pois então, vocês, católicos, justifiquem lá o porquê da existência de Deus? Penso que argumentar melhor do que esses filósofos é difícil. Porque é que Deus existe, se é que existe? E (ainda mais interessante), quem são mais felizes: os ateus ou os católicos?

(O que é válido para  religião católica é válido para as outras religiões)

sexta-feira, julho 02, 2010

Desejos

Vi algo de muito interessante na televisão. Estava a comer na sala e a televisão da cozinha estava acesa (nada económico eu sei mas não fui eu que a acendi e por isso nem me lembrei de a apagar). Cheguei à cozinha para ir buscar a pizza que estava no forno e olhei para a televisão. Ouvi apenas alguém dizer: "(...) Nunca tiveram electricidade (e outras coisas que agora não me lembro)"; "(...)Contentam-se com uma bola de futebol (...)". Depois, a entrevistadora perguntou a um dos meninos (o menino era negro por isso, provavelmente, era africano e a reportagem, provavelmente, passavasse em África): "O que é que vos falta?", ao que o menino respondeu: "Nada... nada. Não nos falta nada".

Que inveja que eu tenho desses meninos! Pensamos que eles, apesar de serem pobres, precisam de ajuda. Bem, quem precisa de ajuda somos nós! Tanta coisa nós desejamos e, contudo, tanta coisa que temos a mais que esses meninos, que eram felizes apenas com uma bola de futebol. Queremos ser inteligentes, ser amados, ser felizes, ter sorte na vida, ... Esses meninos, que nada desejavam, eram mais felizes que nós, que tudo desejamos.

Apenas queria dar um conselho a todos os que se interessam pelo que escrevo: limitem os vossos desejos. Limitem-nos e serão felizes. Já John Stuart Mill dizia: "Aprendi a procurar a felicidade limitando os meus desejos e não satisfazendo-os". Concordo plenamente com ele. Apesar de a frase não me sair da cabeça, tenho que admitir que é difícil. É difícil abandonar o que sempre desejámos porque sempre o desejámos.

Albert Einstein dizia: "Uma mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original". Concordo, novamente. Nós, que pensamos que tanta coisa nos pode fazer felizes, como ter muito dinheiro ou ter um carro topo de gama ou ser sobredotado, desejamos muito, desejamos muito e temos pouco. Esses meninos, pelo contrário, que provavelmente nem sabem o que é um carro, pouco desejam e tudo têm. Têm algo que não temos: contentamento...

domingo, junho 27, 2010

Liberdade

Como é bom sentirmo-nos livres! E então agora! Para mim, é isso que o Verão representa: liberdade. Liberdade para me dedicar ao que gosto, ao que me interessa. Liberdade para passar tempo com os meus amigos; liberdade para ir ao cinema; liberdade para ir passear sem motivo aparente (apesar de não o fazer).

Contudo, Jean Paul Sartre dizia: "Ser-se livre não é fazer-se aquilo que se quer, mas querer-se aquilo que se pode". Bem, se eu posso passar o meu tempo a ajudar os outros, o que, para além do mais, é algo que gosto de fazer, porque não hei-de fazê-lo? Não quero desperdiçar o meu Verão e as minhas férias. Não quero ficar enfiado em casa em frente a um ecrã, deitado no sofá, preso a uma desvirtuosa monotonia. Quero sair à rua, inspirar o ar puro, bem fundo, e pensar: "Boa. Hoje só tenho que obedecer às minhas próprias leis".

Não quero ser livre para poder dedicar a minha vida a uma felicidade ilusória, apesar de, por vezes, ser muito tentadora. Nem é assim que vejo a liberdade. Liberdade não é não fazer nada. Liberdade não é fazer o que nos apetece, aquilo que gostamos. Liberdade é gostar daquilo que fazemos. (“A sabedoria da vida não consiste em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar do que se faz.” Leonardo Da Vinci).

Agora somos livres, durante este curto período de férias. Mas não se preocupem. Também o poderão ser durante o tempo de aulas ou até mesmo a trabalhar. Apenas têm que abraçar o que fazem com toda a força que têm e, a partir daí, verão tudo com outros olhos.

Boas férias!

segunda-feira, junho 21, 2010

Realidade e Ilusão

Afinal de contas, o que tem a realidade de bom? Aparentemente, nada! Estamos mergulhados num mar de ignorância, ódio, inveja e muito mais. Estamos mergulhados num mar de pecados, num mar de dementes, num mar de loucos. Dementes e loucos que vivem na pura ilusão. Na ilusão de que nada está errado, nada de mau vai acontecer.

Porque é que, então, não podemos viver todos na ilusão? Disse, anteriormente, que os ignorantes, não podem lutar para tornar o mundo um local melhor para se viver. E se a batalha já estiver perdida? E se todas as forças do Homem já nada puderem fazer para combater a vingança da natureza que se avizinha? E se morrermos amanhã, ou até mesmo hoje? Que felicidade nos deu, então, a realidade?

Esta mísera realidade nada nos dá senão tristezas. Porque não vivemos, então, na pura ilusão onde tudo dependa da nossa imaginação? Albert Einstein dizia que a imaginação é melhor que o conhecimento. Concordo plenamente. O que é que o conhecimento nos deu, até agora? Muitos benefícios, é verdade. Prolongou a nossa esperança média de vida, melhorou mesmo as nossas condições de vida, etc etc. O que ignoramos no meio de isto tudo? Os prejuízos que nos trouxe. Até à uns anos, nada do que fazíamos parecia ter alguma coisa de errado. Actualmente, sabemos que o que fizémos é o que conduzirá ao fim da nossa espécie. Então, para quê o conhecimento agora? Passemos todos a ser loucos, dementes, e provavelmente seremos mais felizes. Talvez tenhamos que abdicar da realidade para sermos felizes.

O que me deixa encalhado é uma das frases de Séneca: "Antes queria ser derrotado no bem do que vencer no mal". Será que a frase pode ser aplicada a este tema? As ilusões, realmente, são más...

sexta-feira, junho 18, 2010

As palavras...

Não é maravilhoso o facto de conseguirmos comunicar através de palavras? Os outros animais comunicam apenas através de simples sons e gestos. É simplesmente maravilhoso...

Contudo, até onde as palavras nos podem levar? Há coisas que não conseguem ser exprimidas numa palavra ou num conjunto de palavras. "Amo-te" é uma palavra muito pouco profunda comparada com o sentimento do Amor que, provavelmente, é o mais profundo que existe.

E as falhas de comunicação? Tomemos como exemplo: duas pessoas olham para o céu e ambas dizem que este é azul. No entanto, uma vê o céu laranja e o outro vê-o verde. Porém, ambas afirmam que este é azul, visto que foi isso que lhes ensinaram. Como poderemos saber alguma vez o que a outra pessoa vê, cheira, ouve ou sente? E quando dizemos: "Eu compreendo o que sentes..."? Como poderemos alguma vez compreender o que as outras pessoas sentem se não estamos na pele dessas mesmas pessoas? Não compreendemos!

As palavras, por mais magnífícas que possam ser ou parecer, podem sempre ser usadas com más intenções: para enganar, manipular, ... Por exemplo: temos dois rapazes e duas raparigas. Um dos rapazes diz a uma das raparigas: "Amo-te", na esperança de vir a ter um namoro feliz e duradouro com ela. O outro, no entanto, diz à outra rapariga o mesmo mas na esperança de poder vir a ter uma noite escaldante e nada mais. Ambos disseram o mesmo mas ambos tinham diferentes motivos para o dizer e o que cada um dos rapazes sentia era diferente. E aqui encontramos outro problema: a veracidade do que se diz. Como podemos nós alguma vez vir a descobrir se o que outra pessoa diz que sente, ouve, cheira ou vê é real?

Às vezes as palavras não dizem tudo...

"É verdade que se mente com a boca, mas a careta que se faz ao mesmo tempo diz, apesar de tudo, a verdade."  Friedrich Nietzsche

“O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles se enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem os seus pensamentos uns com os outros.” Santo Agostinho

sábado, junho 12, 2010

Os Prazeres e Consequências


Olho à minha volta e que vejo eu? Bestas ignorantes a satisfazerem os seus desejos e impulsos. Bestas aparentemente felizes. Bestas que não se preocupam com as consequências futuras, apenas com as consequências imediatas. Bestas dedicadas à satisfação dos prazeres inferiores, não tendo noção de que estes, apesar de agradáveis no momento, são bastantes nocivos e podem trazer graves problemas futuros.

Agora pergunto: será que essas bestas são realmente felizes? Será que devemos, pois, dedicar-nos à satisfação desses míseros prazeres inferiores em vez de tentarmos alcançar a satisfação dos superiores? E as consequências? Quais são as que têm mais valor: as consequências do imediato ou as consequências a longo prazo? Se calhar as pessoas que dão mais valor às consequências do imediato são mais felizes, ou talvez não. Como poderemos algumas vez vir a descobrir se nenhum de nós possui uma balança que nos permita pesar a felicidade sentida por cada um?

Só vejo míseras bestas sádicas e rudes a satisfazerem os seus impulsos e desejos. Será que é bom? Será que a felicidade consiste na satisfação desses impulsos e desejos? Como poderei vir eu a sabê-lo?

E se não houver futuro? Se a situação apocalítptica do mundo actual não nos permitir viver o tempo que desejamos? Se não conseguirmos ver os nossos filhos a ir para a universidade, ou até mesmo a ir trabalhar e a ter uma vida de sucesso? Se não existir futuro, que valor têm as consequências a longo prazo? Que valor têm os prazeres superiores? Que valor tem a sabedoria e consciência? Pessoas conscientes apenas têm mais problemas (falo por mim!). Será que essa ignorância impura, tão vista nos dias de hoje, não nos trás mais felicidade do que a consciência de todos ou de grande parte dos problemas existentes no mundo?

A única coisa que sei é que essas bestas ignorantes nunca poderão lutar para tornar o mundo um local melhor para viver. Nunca poderão lutar para acabar com essa ignorância que as assombra. Nunca poderão lutar pela verdadeira essência e pureza que constitui o ser humano. Pelo contrário, as pessoas conscientes poderão.

segunda-feira, junho 07, 2010

Ignorância...

Santa ignorância! Como pode o ser humano ser tão ignorante? Se tivesse de descrever os seres humanos apenas numa única palavra diria que são ignorantes, no geral.

Já repararam ao que as pessoas dão importância? Só de olhar para aquelas mulheres e raparigas histéricas que aparecem na televisão a gritar pelo Ronaldo... Só isso basta para percebermos como o ser humano está a entrar numa fase de decadência.

E os interesses do jovens? Já repararam o que lhes interessa? Como é possível os jovens terem-se tornado tão ignorantes ao ponto de terem interesses tão... estúpidos! E a idade com que começam a ter relações sexuais? Não lembra a ninguém! Parece um filme autêntico! Com estas atitudes, o sexo, entre os jovens, tornou-se uma coisa banal! Já se perdeu toda aquela aura de intimidade, aquele calor apaixonante entre os parceiros. Nada disso existe agora, e vai deixar de existir devido aos valores dos jovens. O quão imaturos são! O quão... IGNORANTES são!

Deixa muito a desejar. Por vezes apetece-me mesmo chapar a cabeça de certas pessoas contra a parede para ver se começam a entender que o que fazem é errado. O quão estúpidas são! E avisá-las é escusado! É como dizer: não vás contra aquela parede. E o que é que a pessoa faz? Vai chapar-se completamente contra a parede. Por vezes mais que uma vez!

O quão estúpidas estas pessoas são! Às vezes apetece-me esconder-me e pensar que tudo isto é um pesadelo, pois até poderia ser um. Contudo e infelizmente, é um pesadelo bem real...

(Desculpem a informalidade...)

sábado, junho 05, 2010

Divina Comédia de Dante

Canto Primeiro

No meio do caminho da nossa vida
encontrei-me numa selva escura(1),
porque me tinha extraviado da via do bem(2).

Ah quanto é árduo e doloroso dizer qual era
esta selvagem, áspera e infranquiável
da qual só a lembrança me renova o terror!

Selva quase tão amarga como a morte!
mas para patentear o bem que eu aí encontrei,
falarei de outras coisas que então vi.

Eu não posso bem dizer como entrei,
tanto eu estava cheio de pecado, no momento
em que eu abandonava a via do bem.

Mas, quando cheguei ao pé duma montanha(3),
onde e fecahava o obscuro vale
que de terror me tinha trespassado o coração,

olhei para o alto, e vi os flancos da montanha
vestidos já dos raios do Sol(4),
que guia direito os viadantes.

Então o medo acalmou um pouco -
o tempo de desânimo, passado em grande angústia,
que tanto tinha durado no profundo coração.

Qual um náufrago que, com fôlego ansiado,
tendo escapado do mar profundo, enfim, sobre a
margem, se volve para a água perigosa e olha fixo,

assim o meu espírito, que sentia ainda a ansiedade
de salvar-se, volta-se para rever a passagem da
selva, que nunca ninguém transpôs com vida.

Notas:
1 - selva escura: a vida humana, o mundo - a selva dos erros e das paixões.
2 - via do bem: sobre a qual a Humanidade devia caminhar.
3 - montanha: a vida virtuosa.
4 - Sol: Deus

quarta-feira, junho 02, 2010

Poesia

A poesia para mim era algo chato, algo muito subjectivo e muito complicado e complexo. Continuo a pensar assim, em parte, mas adoptei uma nova perspectiva.

É verdade que a poesia é algo chato. É algo chato quando se trata dos sentimentos das outras pessoas. Os poemas criados por nós, esses sim, são interessantes. Não necessitamos de escrever muito bem ou ser grandes génios como Camões. Apenas necessitamos de um papel e de uma caneta. Pois a poesia é a expressão dos sentimentos, o que nós sentimos, o que nos vai no coração, na alma. Há pessoas que têm mais jeito para expressar esses sentimentos. Contudo, isso não impossibilita que as outras pessoas escrevam poemas. Eu gosto de escrever poemas, para mim. Não me importo se estão belos ou se fazem sentido para os outros, desde que faça para mim. Fazer poemas faz-me sentir aliviado e é como se tivesse a falar comigo próprio.

Não necessitamos de saber que tipos de rimas existem ou a métrica do versos. Precisamos apenas de saber português, de ter uma caneta e um papel. O resto é produto da nossa alma.

Quando se sentem sozinhos, escrevam poemas. Quando se sentem em baixo, escrevam poemas. Quando se sentem felizes, escrevam poemas. Quando se sentem vivos, escrevam poemas. Ganhem gosto pela poesia porque pode ser realmente maravilhosa, apenas temos de aprender a olhar para ela com outros olhos.