sábado, julho 03, 2010

Deus e a religião

(Só os interessados é que vão ter paciência para ler isto tudo)
Alguns de vós já sabem ou já perceberam que não sou católico. Não acredito na existência de Deus. Considero-me agnóstico apesar de ser ateu. Digo que o facto de Deus existir ou não não me interessa mas, na verdade, interessa-me, bastante.
Já lá vai um tempo desde que me comecei a interrogar sobre a religião e sobre Deus (Deus existe? Para que serve a religião? Como é que a existência de Deus contribui para a nossa felicidade?). A curiosidade era muita e a informação que tinha, pouca. Então, com uma inabalável determinação de provar que a existência de Deus em nada contribui para a minha felicidade ou para a de qualquer outro ser humano, comecei a fazer pesquisas no meu livro de filosofia, onde era abordado este tema, tal como eu queria. Encontrei várias teorias que tentavam responder à pergunta: O que é a religião? Esta pergunta, por sua vez, relaciona-se com a pergunta que tanto desejava e ainda desejo responder: Deus existe?

A primeira teoria que encontrei era de Sigmung Freud. Foi a teoria que mais me convenceu: Uma das experiências fundamentais do ser humano é a sensação de segurança e necessidade de protecção e amparo. Para Freud, a religião surge como mecanismo de defesa perante as ameaças da natureza e a dureza das relações socias. Deus será assim concebido como o Protector supremo, o ser todo-poderoso que alivia a angústia e o medo do homem perante a realidade, que consola e ampara. Tal como o pai está para o filho, assim Deus está para o Homem. A religião corresponde, assim, a um estádio infantil da humanidade, à constante necessidade de ter um pai na relação com o qual se vive um sentimento ambivalente: amor e medo. A religião é um remédio ilusório para as dores e a frustação do ser humano.

Não podia concordar mais! Contudo, também concordo com a teoria de Karl Marx, que defende que a religião é o ópio do povo: O mundo religioso, o "Reino de Deus", não tem consistência própria, não é verdadeiramente real. É a "flor imaginária" que decora os grilhões que oprimem os explorados. A religião, segundo Marx, ensina os explorados que o mundo real e miserável em que vivem não tem valor e que o importante é o "outro mundo", o "reino de Deus", lugar onde os sofredores e humilhados encontrarão justiça e felicidade. Assim, Marx afirma que a religião é antirevolucionária porque convida o homem a esperar a chegada de um mundo justo. Como esse mundo está para além deste, cria-se na mente da criatura oprimida a convicção de que o sofrimento é, apesar de tudo, um passaporte para a eternidade e de que, no fundo, os homens são incapazes de justiça e humanidade. A religião justifica, apesar de parecer o contrário a opressão dos explorados pelos exploradores. Ela é um "sintoma" da desumanidade do mundo dos homens e não o remédio para esse mal.

Para além destas teorias, que considero suficientes para justificar, no mínimo, o facto de EU não acreditar em Deus, o facto de ser ateu, ainda existe uma outra, apresentada por Nietzsche: O homem, incapaz de enfrentar a realidade única (o mundo em que vivemos), inventa um mundo que satisfaça os seus desejos de segurança, certeza e estabilidade, para nele se refugiar. Facilmente se odeia "este mundo". Facilmente se esquece o que tem de bom e agradável. Então, imagina-se "outro mundo" e chama-se-lhe "mundo do ser", "verdadeira realidade", o "Reino de Deus". Nietzsche considera esta atitude uma cobardia perante a realidade. Os fracos não toleram a instabilidade, a dor e a imprevisibilidade, que são características do mundo terreno. É de tal modo profundo o seu desejo de que exista esse mundo justo que transformam um mundo inventado num mundo verdadeiramente real e superior. Segundo Nietzsche, o "Reino de Deus" é uma miserável invenção de vontades fracas e impotentes, de realidades falhadas incapazes de aceitar que a vida é uma combinação de dor e alegria, de estabilidade e de instabilidade. A religião não é uma simples deformação da realidade. O "Reino de Deus" é uma ficção destinada a desprezar, caluniar e destituir o mundo terreno de qualquer valor.

Bem, depois de tanto argumento, já devem estar um pouco cansados, não? Mas não será que todos esses senhores tinham razão quanto ao que diziam? Pois então, vocês, católicos, justifiquem lá o porquê da existência de Deus? Penso que argumentar melhor do que esses filósofos é difícil. Porque é que Deus existe, se é que existe? E (ainda mais interessante), quem são mais felizes: os ateus ou os católicos?

(O que é válido para  religião católica é válido para as outras religiões)

5 comentários:

  1. Já alguém te disse que és muito chato... se não sabe bem ser a primeira!
    Olha lá, porque é que só pões as teorias contra a existência de Deus? Porque é que só falas de um dos lados? Porque não acreditas no outro? Isso não é desculpa! Para se argumentar be, tens de perceber os dois lados da história.

    E Rita, se estás a ler isto, ajuda-me que não posso ser só eu a dar-lhe na cabeça!!!!

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  2. Bernardo, dessa vez eu tenho que discordar de voce, assim como voce eu tive muita curiosidade em relação a duvida se Deus existe?
    eu também pesquisei muito e cheguei a mesma conclusão que voce:deus foi algo criado para dar segurança ao ser humano.Mas mesmo assim haveria mistérios no mundo sem solução.então eu pesquisei mais e vi inumeros relatos de pessoas sobre experiencias de quase morte,relatos de acontescimentos em sonho,e entre muitas outras coisas.e eu fui mais profundo ainda e cheguei a varias conclusões entre elas a de que deus existe.
    eu queria poder falar mais mas o espaço é pouco, se voce quiser entrar em contato meu e-mail é: igorspanhol@gmail.com

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  3. Agradeço muito o teu comentário Igor. Contudo, agora que não estou em casa, não tenho possibilidade de vir nem ao blog nem à internet.

    Quando eu tiver possibilidade, converso contigo a sério. Porém, agora, vais ter que esperar.

    Desculpa e, mais uma vez, obrigado.

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  4. Einstein disse que "As Coincidências foi a maneira que Deus escolheu para permanecer oculto", mesmo achando que Deus não existe, Ele te ajuda e se importa contigo, ora qual o pai que não faz assim com o filho. Ele sempre quiz permanecer oculto, que as pessoas gostassem dele como um amigo e não como um Deus, Ele quer estar com todos, mas de uma maneira pessoal. A religião é a tentativa humana de formatar o relacionamento com Deus, na maioria das vezes apresenta vários problemas, previsiveis na natureza humama, mas nem por isso devemos deixar de relacionar com Deus.

    Faça uma tentativa, sem tantos padrões, tente falar com Ele, e deixe que Ele te responda.

    Não estou procurando discutir, ou defender pontos de vistas, apenas acredito que a minha vida é muito boa... por que tenho um relacionamento com Deus.

    Um abraço.

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  5. Vc quer saber o se ou o porque de Deus existir não?,pois eu posso lhe dizer isso,mas,antes responda a pergunta?

    Como pôde o caos criar a ordem se esta es teu pior inimigo?

    XD

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