sexta-feira, julho 30, 2010

O Anticristo

 
Já acabei de ler o livro que estava a ler (O Anticristo). Tenho que admitir que não percebi grande parte do livro mas gostei do que consegui entender.

É um livro que eu recomendo aos que se consideram cristãos, apenas para que se familiarizem com uma perspectiva diferente daquela a que estão acostumados.

Deixo aqui o capítulo que, na minha opinião, melhor define o livro (Capítulo 15):

"No cristianismo, nem a moral, nem a religião, estão em contacto com a realidade. Nada mais do que causas imaginárias («Deus», «a alma», «eu», «espírito», «livre-arbítrio» - ou mesmo o arbítrio que não é «não livre»); nada mais do que efeitos imaginários («o pecado», «a salvação», «a graça», «a expiação», «o perdão dos pecados»). Uma relação imaginária entre os seres («Deus», «os espíritos», «a alma»); uma imaginária ciência natural (antropocêntrica; uma absoluta carência do conceito de causas naturais); uma psicologia imaginária (nada mais do que mal-entendidos, interpretações de sentimentos gerais agradáveis ou desagradáveis, tais como os estados do grande simpático, com a ajuda da linguagem figurada das idiossincrasias religiosas e morais) - («o arrependimento», «a voz da consciência», «a tentação do Demónio», «a presença de Deus»); uma teleologia imaginária («o reino de Deus», «o Juízo Final», «a vida eterna»). - Este mundo de puras ficções distingue-se, para sua desvantagem, do mundo dos sonhos, pois que este reflecte a realidade, enquanto o outro mais não faz do que falseá-la, depreciá-la e negá-la. Desde que o conceito de «natureza» foi inventado como oposição ao conceito de «Deus», «natural» tornou-se o equivalente de «desprezível» - todo este mundo de ficções tem a sua raiz no ódio contra o natural ( - a realidade! - ), o ódio é a expressão do profundo incómodo causado pela realidade. Mas isto explica tudo. Quem é que tem razões para sair da realidade através de uma mentira? Só aquele a quem a realidade faz sofrer. Mas sofrer, nesse caso, significa ser ele próprio uma realidade falhada... A preponderância do sentimento de pena sobre o sentimento de prazer é a causa desta religião, desta moral fictícia: um tal excesso fornece a fórmula para a decadência..."

1 comentário:

  1. Olá Bernardo.
    Uma dica: deves ler o prefácio da primeira obra deste senhor, a Origem da Tragédia. Só assim será mais fácil entender o projecto que este autor procurou realizar - a crítica a uma concepção moral da existência humana.

    a aprendiz-mor

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