Deus está morto! Nós criámo-lo e, em conjunto, estamos a matá-lo. Já não assombra a mente de muitos de nós; já nos deixámos de tais infantilidades. Contudo, era tudo muito mais fácil quando lhe "obedecíamos", quando ele estava ao nosso lado, pois acreditamos que nos poderia salvar, enventualmente...
Hoje em dia, não há católicos. Pelo menos, não há minha volta. Todos vivem sem Deus, mesmo aqueles que afirmam que nele acreditam. O problema é que, sem Deus, vivemos apenas connosco sozinhos. Não digo que aqueles que nele acreditam piamente e vivem segundo os valores cristãos vivem com ele e são felizes: pensam que vivem com ele e que são felizes, mas vivem apenas na ilusão, porque têm medo de se conhecer a si próprios, os covardes. No entanto, o que fazer quando se tem consciência disso, que Deus não passa de uma ilusão, de uma criação nossa?
O que acontece é que muitos se apercebem de que não se conhecem e de que não sabem o que fazem aqui. E tanto esses como os que não se apercebem disso conscientemente, procuram algo ou alquém que lho diga. Largam um deus para procurar outro. Pois «É mais fácil obedecer a outro do que condenar-se a si mesmo.» (Nietzsche). Estaremos condenados a fugir de nós próprios eternamente? A enterrarmo-nos no aconchego de um qualquer deus que nos conforte? Ou teremos poder para nos encontrar e ir mais longe?