Um general militar criou uma muralha para se proteger de um ou vários ataques de inimigos conhecidos e identificados como perigosos. Contudo não construiu portões nem nada que se parecesse. Assim não havia possibilidade de ser invadido. Todavia, também não havia possibilidade de ser auxiliado.
Passados uns tempos de ser atacado, depara-se com aliados seus e amigos de velha data. Porém, estes não podiam entrar e auxiliá-lo na sua guerra visto que, para isso, a barreira teria que ser destruída. Isto não poderia acontecer porque os seus inimigos encontravam-se também junto deles. Se a barreira fosse destruída os aliados entrariam, assim como os inimigos.
O que fariam vocês numa situação como a do general?
Passo a explicar o porquê deste texto metafórico. Certo dia, tive uma conversa com uma amiga minha que, surpreendentemente, passou de um carácter sério para o carácter filosófico. Estavamos nós a discutir o porquê de certos problemas nossos até que, num determinado momento, ela me confessou: «Já não confio muito nas pessoas. Tornei-me desconfiada por ter más experiências com amigos. Por confiar em pessoas que achava serem realmente dignas da minha confiança. Contudo, essas pessoas traíram essa mesma confiança que lhes depositei. Traíram-me... não sei se agora deva confiar.» (obviamente que não foram estas as palavras usadas por ela, mas inovei um pouco). Com a possibilidade de vir a ter um grande amigo, o que vocês fariam? Ela criou uma barreira psicológica, um preconceito convicto de que as pessoas não merecem confiança por não a respeitarem. E isso relaciona-se com o pequeno conto visto que, apesar de ela não deixar entrar os seus inimigos (as pessoas que traem a sua confiança), também não permitia a entrada dos seus aliados/ amigos (as pessoas em que ela pode confiar). Eu expliquei-lhe isto e perguntei-lhe o que preferia. O que preferiam vós?
Nós criamos centenas de barreiras e protecções. Isto para nos protegermos do que achamos prejudicial, maligno e cruel. Contudo, algumas das vezes, essas barreiras não têm fundamento. Por vezes até temos mesmo inimigos que não conhecemos, que não respeitamos por simples preconceitos. O que vos peço é o seguinte: pensem bem nas coisas de que se protegem. Algumas são inofensivas, outras não. Contudo, existem aquelas que são benéficas e que nos ajudam a viver melhor.
Quando destruímos a muralha que antes construímos, estamos a destruir uma convicção que antes não tínhamos. Um mundo com convicções é um mundo sem filosofia. Destruam as vossas muralhas. Defendam-se como puderem do inimigo e vivam alegremente com o amigo.
Aparentemente a situação apresentada da estratégia militar daquele general poderia parecer um dilema. Ou seja, um silogismo sem saída. Todavia, no lógica da vida, graças a riqueza da natureza humana, há sempre caminhos a surgir. No caso, de sua amiga, se a experiência dolorosa de uma traição, servir para torná-la mais prudente em relação aos outros sem deixá-la pessimista e amargurada, será uma excelente aprendizagem. Pois, em todas as situações reais, há sempre os prós e os contra. Mas, o importante é focar no que há de bom e de melhor. Muitas vezes, os nossos "inimigos" não estão somente fora, mas, também, dentro de cada um de nós. Muitas vezes, insconcientemente, agimos contra nós mesmos. É preciso refletir. Analisar. Sopesar. Iluminar a nossa vontade com as luzes da reta razão. Crescer na inteligência e também e, principalmente, no próprio coração. Eis, então, a minha percepção. Um grande abraço, boa noite :)
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