domingo, junho 27, 2010

Liberdade

Como é bom sentirmo-nos livres! E então agora! Para mim, é isso que o Verão representa: liberdade. Liberdade para me dedicar ao que gosto, ao que me interessa. Liberdade para passar tempo com os meus amigos; liberdade para ir ao cinema; liberdade para ir passear sem motivo aparente (apesar de não o fazer).

Contudo, Jean Paul Sartre dizia: "Ser-se livre não é fazer-se aquilo que se quer, mas querer-se aquilo que se pode". Bem, se eu posso passar o meu tempo a ajudar os outros, o que, para além do mais, é algo que gosto de fazer, porque não hei-de fazê-lo? Não quero desperdiçar o meu Verão e as minhas férias. Não quero ficar enfiado em casa em frente a um ecrã, deitado no sofá, preso a uma desvirtuosa monotonia. Quero sair à rua, inspirar o ar puro, bem fundo, e pensar: "Boa. Hoje só tenho que obedecer às minhas próprias leis".

Não quero ser livre para poder dedicar a minha vida a uma felicidade ilusória, apesar de, por vezes, ser muito tentadora. Nem é assim que vejo a liberdade. Liberdade não é não fazer nada. Liberdade não é fazer o que nos apetece, aquilo que gostamos. Liberdade é gostar daquilo que fazemos. (“A sabedoria da vida não consiste em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar do que se faz.” Leonardo Da Vinci).

Agora somos livres, durante este curto período de férias. Mas não se preocupem. Também o poderão ser durante o tempo de aulas ou até mesmo a trabalhar. Apenas têm que abraçar o que fazem com toda a força que têm e, a partir daí, verão tudo com outros olhos.

Boas férias!

segunda-feira, junho 21, 2010

Realidade e Ilusão

Afinal de contas, o que tem a realidade de bom? Aparentemente, nada! Estamos mergulhados num mar de ignorância, ódio, inveja e muito mais. Estamos mergulhados num mar de pecados, num mar de dementes, num mar de loucos. Dementes e loucos que vivem na pura ilusão. Na ilusão de que nada está errado, nada de mau vai acontecer.

Porque é que, então, não podemos viver todos na ilusão? Disse, anteriormente, que os ignorantes, não podem lutar para tornar o mundo um local melhor para se viver. E se a batalha já estiver perdida? E se todas as forças do Homem já nada puderem fazer para combater a vingança da natureza que se avizinha? E se morrermos amanhã, ou até mesmo hoje? Que felicidade nos deu, então, a realidade?

Esta mísera realidade nada nos dá senão tristezas. Porque não vivemos, então, na pura ilusão onde tudo dependa da nossa imaginação? Albert Einstein dizia que a imaginação é melhor que o conhecimento. Concordo plenamente. O que é que o conhecimento nos deu, até agora? Muitos benefícios, é verdade. Prolongou a nossa esperança média de vida, melhorou mesmo as nossas condições de vida, etc etc. O que ignoramos no meio de isto tudo? Os prejuízos que nos trouxe. Até à uns anos, nada do que fazíamos parecia ter alguma coisa de errado. Actualmente, sabemos que o que fizémos é o que conduzirá ao fim da nossa espécie. Então, para quê o conhecimento agora? Passemos todos a ser loucos, dementes, e provavelmente seremos mais felizes. Talvez tenhamos que abdicar da realidade para sermos felizes.

O que me deixa encalhado é uma das frases de Séneca: "Antes queria ser derrotado no bem do que vencer no mal". Será que a frase pode ser aplicada a este tema? As ilusões, realmente, são más...

sexta-feira, junho 18, 2010

As palavras...

Não é maravilhoso o facto de conseguirmos comunicar através de palavras? Os outros animais comunicam apenas através de simples sons e gestos. É simplesmente maravilhoso...

Contudo, até onde as palavras nos podem levar? Há coisas que não conseguem ser exprimidas numa palavra ou num conjunto de palavras. "Amo-te" é uma palavra muito pouco profunda comparada com o sentimento do Amor que, provavelmente, é o mais profundo que existe.

E as falhas de comunicação? Tomemos como exemplo: duas pessoas olham para o céu e ambas dizem que este é azul. No entanto, uma vê o céu laranja e o outro vê-o verde. Porém, ambas afirmam que este é azul, visto que foi isso que lhes ensinaram. Como poderemos saber alguma vez o que a outra pessoa vê, cheira, ouve ou sente? E quando dizemos: "Eu compreendo o que sentes..."? Como poderemos alguma vez compreender o que as outras pessoas sentem se não estamos na pele dessas mesmas pessoas? Não compreendemos!

As palavras, por mais magnífícas que possam ser ou parecer, podem sempre ser usadas com más intenções: para enganar, manipular, ... Por exemplo: temos dois rapazes e duas raparigas. Um dos rapazes diz a uma das raparigas: "Amo-te", na esperança de vir a ter um namoro feliz e duradouro com ela. O outro, no entanto, diz à outra rapariga o mesmo mas na esperança de poder vir a ter uma noite escaldante e nada mais. Ambos disseram o mesmo mas ambos tinham diferentes motivos para o dizer e o que cada um dos rapazes sentia era diferente. E aqui encontramos outro problema: a veracidade do que se diz. Como podemos nós alguma vez vir a descobrir se o que outra pessoa diz que sente, ouve, cheira ou vê é real?

Às vezes as palavras não dizem tudo...

"É verdade que se mente com a boca, mas a careta que se faz ao mesmo tempo diz, apesar de tudo, a verdade."  Friedrich Nietzsche

“O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles se enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem os seus pensamentos uns com os outros.” Santo Agostinho

sábado, junho 12, 2010

Os Prazeres e Consequências


Olho à minha volta e que vejo eu? Bestas ignorantes a satisfazerem os seus desejos e impulsos. Bestas aparentemente felizes. Bestas que não se preocupam com as consequências futuras, apenas com as consequências imediatas. Bestas dedicadas à satisfação dos prazeres inferiores, não tendo noção de que estes, apesar de agradáveis no momento, são bastantes nocivos e podem trazer graves problemas futuros.

Agora pergunto: será que essas bestas são realmente felizes? Será que devemos, pois, dedicar-nos à satisfação desses míseros prazeres inferiores em vez de tentarmos alcançar a satisfação dos superiores? E as consequências? Quais são as que têm mais valor: as consequências do imediato ou as consequências a longo prazo? Se calhar as pessoas que dão mais valor às consequências do imediato são mais felizes, ou talvez não. Como poderemos algumas vez vir a descobrir se nenhum de nós possui uma balança que nos permita pesar a felicidade sentida por cada um?

Só vejo míseras bestas sádicas e rudes a satisfazerem os seus impulsos e desejos. Será que é bom? Será que a felicidade consiste na satisfação desses impulsos e desejos? Como poderei vir eu a sabê-lo?

E se não houver futuro? Se a situação apocalítptica do mundo actual não nos permitir viver o tempo que desejamos? Se não conseguirmos ver os nossos filhos a ir para a universidade, ou até mesmo a ir trabalhar e a ter uma vida de sucesso? Se não existir futuro, que valor têm as consequências a longo prazo? Que valor têm os prazeres superiores? Que valor tem a sabedoria e consciência? Pessoas conscientes apenas têm mais problemas (falo por mim!). Será que essa ignorância impura, tão vista nos dias de hoje, não nos trás mais felicidade do que a consciência de todos ou de grande parte dos problemas existentes no mundo?

A única coisa que sei é que essas bestas ignorantes nunca poderão lutar para tornar o mundo um local melhor para viver. Nunca poderão lutar para acabar com essa ignorância que as assombra. Nunca poderão lutar pela verdadeira essência e pureza que constitui o ser humano. Pelo contrário, as pessoas conscientes poderão.

segunda-feira, junho 07, 2010

Ignorância...

Santa ignorância! Como pode o ser humano ser tão ignorante? Se tivesse de descrever os seres humanos apenas numa única palavra diria que são ignorantes, no geral.

Já repararam ao que as pessoas dão importância? Só de olhar para aquelas mulheres e raparigas histéricas que aparecem na televisão a gritar pelo Ronaldo... Só isso basta para percebermos como o ser humano está a entrar numa fase de decadência.

E os interesses do jovens? Já repararam o que lhes interessa? Como é possível os jovens terem-se tornado tão ignorantes ao ponto de terem interesses tão... estúpidos! E a idade com que começam a ter relações sexuais? Não lembra a ninguém! Parece um filme autêntico! Com estas atitudes, o sexo, entre os jovens, tornou-se uma coisa banal! Já se perdeu toda aquela aura de intimidade, aquele calor apaixonante entre os parceiros. Nada disso existe agora, e vai deixar de existir devido aos valores dos jovens. O quão imaturos são! O quão... IGNORANTES são!

Deixa muito a desejar. Por vezes apetece-me mesmo chapar a cabeça de certas pessoas contra a parede para ver se começam a entender que o que fazem é errado. O quão estúpidas são! E avisá-las é escusado! É como dizer: não vás contra aquela parede. E o que é que a pessoa faz? Vai chapar-se completamente contra a parede. Por vezes mais que uma vez!

O quão estúpidas estas pessoas são! Às vezes apetece-me esconder-me e pensar que tudo isto é um pesadelo, pois até poderia ser um. Contudo e infelizmente, é um pesadelo bem real...

(Desculpem a informalidade...)

sábado, junho 05, 2010

Divina Comédia de Dante

Canto Primeiro

No meio do caminho da nossa vida
encontrei-me numa selva escura(1),
porque me tinha extraviado da via do bem(2).

Ah quanto é árduo e doloroso dizer qual era
esta selvagem, áspera e infranquiável
da qual só a lembrança me renova o terror!

Selva quase tão amarga como a morte!
mas para patentear o bem que eu aí encontrei,
falarei de outras coisas que então vi.

Eu não posso bem dizer como entrei,
tanto eu estava cheio de pecado, no momento
em que eu abandonava a via do bem.

Mas, quando cheguei ao pé duma montanha(3),
onde e fecahava o obscuro vale
que de terror me tinha trespassado o coração,

olhei para o alto, e vi os flancos da montanha
vestidos já dos raios do Sol(4),
que guia direito os viadantes.

Então o medo acalmou um pouco -
o tempo de desânimo, passado em grande angústia,
que tanto tinha durado no profundo coração.

Qual um náufrago que, com fôlego ansiado,
tendo escapado do mar profundo, enfim, sobre a
margem, se volve para a água perigosa e olha fixo,

assim o meu espírito, que sentia ainda a ansiedade
de salvar-se, volta-se para rever a passagem da
selva, que nunca ninguém transpôs com vida.

Notas:
1 - selva escura: a vida humana, o mundo - a selva dos erros e das paixões.
2 - via do bem: sobre a qual a Humanidade devia caminhar.
3 - montanha: a vida virtuosa.
4 - Sol: Deus

quarta-feira, junho 02, 2010

Poesia

A poesia para mim era algo chato, algo muito subjectivo e muito complicado e complexo. Continuo a pensar assim, em parte, mas adoptei uma nova perspectiva.

É verdade que a poesia é algo chato. É algo chato quando se trata dos sentimentos das outras pessoas. Os poemas criados por nós, esses sim, são interessantes. Não necessitamos de escrever muito bem ou ser grandes génios como Camões. Apenas necessitamos de um papel e de uma caneta. Pois a poesia é a expressão dos sentimentos, o que nós sentimos, o que nos vai no coração, na alma. Há pessoas que têm mais jeito para expressar esses sentimentos. Contudo, isso não impossibilita que as outras pessoas escrevam poemas. Eu gosto de escrever poemas, para mim. Não me importo se estão belos ou se fazem sentido para os outros, desde que faça para mim. Fazer poemas faz-me sentir aliviado e é como se tivesse a falar comigo próprio.

Não necessitamos de saber que tipos de rimas existem ou a métrica do versos. Precisamos apenas de saber português, de ter uma caneta e um papel. O resto é produto da nossa alma.

Quando se sentem sozinhos, escrevam poemas. Quando se sentem em baixo, escrevam poemas. Quando se sentem felizes, escrevam poemas. Quando se sentem vivos, escrevam poemas. Ganhem gosto pela poesia porque pode ser realmente maravilhosa, apenas temos de aprender a olhar para ela com outros olhos.